quinta-feira, 30 de maio de 2013




         
As mudanças do mundo do trabalho e as novas demandas do mercado.
 
 As constantes  transformações que têm ocorrido no mundo do trabalho trazem novos desafios para a educação e outros campo  de trabalho. Nesse contexto, o  capitalismo vive um novo padrão de acumulação gerada  da globalização e  da economia e da criação produtiva, que passa a sinalizar  um novo projeto educativo para os trabalhadores, independente da área, ou  das suas funções  e independente do seu nível hierárquico  que estão trabalhando. Desse modo, como resposta às novas exigências de competitividade que marcam o mercado globalizado a exigir cada vez mais qualidade com menor custo, a base técnica de produção , que dominou o ciclo de crescimento das economias capitalistas após a  2ª  guerra até o final dos anos sessenta, que vai sendo substituída por um processo de trabalho resultante de novos  paradigma tecnológico e sendo apoiado  pelas  microeletrônica, cuja característica principal é a flexibilidade. Portanto, este movimento,  não seja novo, logo  se constitui na intensificação do processo histórico de internacionalização da economia, que reveste  de novas características, adequando-se  nas transformações tecnológicas, na descoberta de novos materiais e nas novas formas de organização e gestão do trabalho.
Então surgem novas relações entre trabalho, ciência e cultura, a partir das quais constitui-se historicamente um novo princípio educativo, ou seja, um novo projeto pedagógico através do qual a sociedade pretende formar os intelectuais, trabalhadores, os cidadãos e produtores para atender às novas demandas postas pela globalização da economia e pela  produção. Assim, o processo produtivo, por sua vez, tinha como paradigma a organização em unidades fabris que concentram grande número de trabalhadores distribuídos em uma estrutura verticalizada que se desdobra em vários níveis operacionais, intermediários de supervisão e de planejamento e gestão, cuja finalidade é a produção em massa de produtos homogêneos para atender a demandas pouco diversificadas. A organização da produção em linha expressa o princípio de divisão do processo produtivo em pequenas partes onde os tempos e movimentos são padronizados e rigorosamente controlados por inspetores de qualidade e as ações de planejamento são separadas da produção. Era preciso, portanto, qualificar trabalhadores que atendessem as demandas de uma sociedade cujo modo dominante de produção, a partir de uma rigorosa divisão entre as tarefas intelectuais dirigentes e as operacionais, caracterizava-se por tecnologia de base rígida, relativamente estável. Desse jeito, a ciência e a tecnologia incorporadas ao processo produtivo, através de máquinas eletromecânicas que trazem em sua configuração um número restrito de possibilidades de operações diferenciadas que exigem apenas a troca de uns poucos componentes, demandavam comportamentos operacionais pré-determinados e com pouca variação.  Nesse processo, compreender os movimentos necessários a cada operação, repeti-los e memorizá-los  ao longo do tempo, não exige outra formação escolar e profissional que o desenvolvimento da capacidade de memorizar conhecimentos e repetir procedimentos em uma determinada   forma de seqüência.
 Entretanto, a  globalização da economia e a reestruturação produtiva, enquanto macro estratégias responsáveis pelo novo padrão de acumulação capitalista, transformam radicalmente esta situação, imprimindo vertiginosa dinamicidade às mudanças que ocorrem no processo produtivo, a partir da crescente incorporação de ciência e tecnologia, em busca de competitividade. Logo, a  descoberta de novos princípios científicos cria condição para  a criação de novos materiais e equipamentos então  os processos de trabalho de base rígida vão sendo substituídos pelos de base flexível e a eletromecânica, com suas alternativas de solução bem definidas, vai cedendo lugar à microeletrônica, que assegura amplo espectro de soluções possíveis desde que a ciência e a tecnologia, antes incorporadas aos equipamentos, passem a ser domínio dos trabalhadores assim  os sistemas de comunicação interligam o mundo da produção. Surge  então, as novas demandas de qualificação, portanto, referem-se a um trabalhador de novo tipo, que atue na prática a partir de uma sólida base de conhecimentos científico-tecnológicos e socio-históricos, e ao mesmo tempo acompanhe a dinamicidade dos processos e resista ao stress.  Por isso,ao mesmo tempo, as novas tecnologias cobram cada vez mais a capacidade de comunicar-se adequadamente, através do domínio das maneiras  tradicionais e novas  linguagem, incorporando, além da língua portuguesa, a língua estrangeira, a linguagem informática e as novas formas trazidas pela semiótica, a autonomia intelectual, para resolver problemas práticos utilizando os conhecimentos científicos, buscando aperfeiçoar-se continuamente a autonomia moral, através da capacidade de enfrentar as novas situações que exigem posicionamento ético finalmente, a capacidade de comprometer-se com o trabalho, entendido em sua forma mais ampla de construção do individuo dentro  e da sociedade, através da responsabilidade, da crítica, da criatividade.
Então, no âmbito do processo produtivo como um todo a tendência seja a precarização do trabalho, do ponto de vista da concepção de qualificação para o trabalho, há avanços.   Assim , fundamentada sobre a educação básica, a qualificação não repousa mais sobre a aquisição de modos de fazer, deixando de ser concebida, como a racionalização do trabalho  e sendo  como conjunto de atributos individuais, predominantemente psicofísicos, centrados nos modos de fazer típicos do posto de trabalho. Ao contrário, passa a ter reconhecida a sua dimensão social e ser concebida como resultante da articulação de diferentes elementos, através da mediação das relações que ocorrem no trabalho coletivo, resultando de vários determinantes subjetivos e objetivos, como a natureza das relações sociais vividas e suas articulações, escolaridade, acesso a informações, domínio do método científico, riqueza, duração e profundidade das experiências vivenciadas, tanto laborais quanto sociais.
 Desta forma, a qualificação depende das possibilidades de acesso a informações, de interagir com meios e processos de trabalho mais avançados, de exercer sua autonomia e criatividade, de participar da definição das normas e das decisões que afetam suas atividades.Entretanto, embora seja resultante das condições objetivas de vida e de trabalho, e portanto resultante da práxis coletiva, a qualificação tem uma forte determinação das condições subjetivas, que incluem desejos, motivações, experiências e conhecimentos anteriores, o que faz com que muitos autores considerem inevitável investir na valorização da subjetividade dos trabalhadores nos processos de inovação.
Nesse contexto,  afirmar-se  que a qualificação profissional resulta de articulações dinâmicas e contraditórias entre as relações sociais das quais resultam o trabalho coletivo e as possibilidades e limitações do trabalho individual, mediado pelas relações de classe, do que resultam articulações entre conhecimentos e experiências que envolvem as dimensões psicofísica, cognitiva e comportamental, as quais permitirão ao cidadão/produtor trabalhar intelectualmente e pensar praticamente, dominando o método científico, de modo a ser capaz de resolver problemas da prática social e produtiva. Para desenvolvê-la é preciso outro tipo de pedagogia, determinada pelas transformações ocorridas no mundo do trabalho nesta etapa de desenvolvimento das forças produtivas, de modo a atender às demandas da revolução na base técnica de produção, com seus profundos impactos sobre a vida social. O objetivo a ser atingido é a capacidade para lidar com a incerteza, substituindo a rigidez pela flexibilidade e rapidez, de modo a atender a demandas dinâmicas, sociais e individuais, políticas, culturais e produtivas que se diversificam em qualidade e quantidade.
A partir desta concepção, esta bem diferenciada a finalidade da qualificação no mercado de trabalho  e esta  apresentada pelos processos produtivos reestruturados considerando a dupla mediação realizada pelas novas tecnologias de base microeletrônica e pelas novas estratégias de gestão e da capacidade bem definida para atuar de forma estável em processos tecnológicos pouco complexos no posto de trabalho para a qualificação entendida como capacidade potencial para atuar em situações não previstas, em processos dinâmicos com base tecnologicamente sempre mais complexa e a partir do conhecimento da totalidade do processo de trabalho, incluindo sua relação com os processos sociais e econômicos mais amplos. Surge uma  nova dimensão que tem justificado a contraposição do conceito de qualificação, que vem sendo desenvolvido no campo da esquerda, ao conceito de competência, desenvolvido pelo capitalismo nesta nova etapa de acumulação, como forma de demarcar a superação por incorporação em patamares qualitativamente superiores. Logo , estas concepções se aproximam quando defendem um projeto pedagógico que, ao articular conhecimento geral e específico, teoria e prática, sujeito e objeto, parte e totalidade, dimensão disciplinar e transdisciplinar, permita ao aprendiz resolver problemas não previstos usando, de forma articulada, conhecimentos científicos, saberes tácitos, experiências e informações. O que diferencia, estruturalmente, estas duas concepções, é o campo onde se situam, o que determinará a sua finalidade e a exploração dos trabalhadores para acumular o capital ou a emancipação humana através de uma nova forma de organização da produção dentro do mundo atual.
                                                                                                           Fonte desconhecida
                                                                                                 Marluce Muniz         




                                                                            
 
 
 
 
 

 

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