Jogo
simbólico.
Do ponto de
vista histórico, a análise do jogo é feita a partir da imagem da criança
presente no cotidiano de uma determinada época. O lugar que a criança ocupa no
contexto social específico, a educação a que está submetida e o conjunto de
relações sociais que mantêm com personagens do seu mundo, tudo isto permite
compreender melhor o cotidiano infantil – é nesse cotidiano que se forma a
imagem da criança e de seu brincar.
Portanto,
todo ser humano tem seu cotidiano marcado pela heterogeneidade e pela presença
de valores hierárquicos que dão sentido as imagens culturais de cada época
construídas por personagens que fazem parte desse contexto, tais imagens não
decorrem de concepções psicológicas de natureza científica, mas muito mais de informações,
valores e conceitos oriundos da vida cotidiana.
Segundo Heller (1989, p. 16-17): o homem
participa da vida cotidiana com todos os
aspectos de personalidade. Nele, colocam-se em funcionamento todos os seus
sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades,
manipulativas, seus sentimentos, paixões, ideais, ideologias. Por seu caráter
heterogêneo, a vida cotidiana não apresenta uma lógica, um planejamento
racional.
São essas
características que permitem a construção de diferentes tipos de imagens da
criança, conforme o contexto social a que o ser humano está submetido.
Dentro
desta perspectiva o jogo simbólico é a representação corporal e imaginário onde
predomina a fantasia, a atividade psico-motora exercida acaba por prender a criança
a realidade. Logo, na sua imaginação ela usa o faz-de-conta, mas quando
expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitando a realidade
concreta e as relações do mundo real.
Para Jean
Chateau (1960) na criança o jogo é antes de tudo prazer. É também uma atividade
sua em que o fingir, as estruturas ilusórias, o geometrismo infantil, a
exaltação, tem uma importância considerável.
Segundo
Decroly (1914) “valorizou na sua pedagogia, a atividade lúdica, transformando
os jogos sensoriais e motores em jogos cognitivos, ou de iniciação as
atividades intelectuais propriamente ditas”. Então, a idéia principal e o
desenvolvimento as relações nas necessidades das crianças.
Logo, neste
contexto as características dos jogos simbólicos são: assimilação da realidade
ao “eu”, lógica própria com a realidade, ausência de objetivo explícito ou
consciente para a criança, desenvolvimento da imaginação e da fantasia,
liberdade de regras.
Portanto,
os jogos podem ser classificados por diferentes formas vários autores estudaram
o jogo, entretanto Piaget classificou os jogos em três grandes categorias que
correspondem às três fases dos desenvolvimentos infantis.
Fase
sensório motora (do nascimento até os 2 anos): a criança brinca sozinha, sem
utilização da noção de regras.
Fase
pré-operatória (dos 2 aos 5/6 anos): as crianças adquirem a noção de regras e
começam o jogo de faz-de-conta.
Fase das
operações concretas (dos 7 aos 11 anos): as crianças aprendem as regras dos
jogos e jogam em grupo.
Entretanto,
Piaget classificou os jogos através da estrutura mental da criança. Jogo de
exercício sensório-motor. Este jogo inicia com uma atividade lúdica surge como
uma série de exercícios motores simples. Tem a finalidade o próprio prazer do
funcionamento.
Estes
exercícios consistem em repetição de gestos e movimentos simples como agitar os
braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar, pular, correr. Estes jogos
começam na fase maternal e duram predominante até os 2 anos, eles se mantêm
durantes toda a infância até a fase adulta; como andar de carro, moto ou
bicicleta. Logo, os jogos simbólicos aparecem entre os 2 anos. A função dele é
a atividade lúdica. A criança a reproduz nesses jogos as relações predominantes
no seu meio ambiente e assimilam dessa maneira a realidade e também de se
auto-expressar. Assim, esses jogos de faz-de-conta facilitam à criança a
realização de sonhos e fantasias, neste processo elas revelam conflitos, medos
e angústias, aliviando tensões e frustrações. Na idade de 7 a 11-12 anos o simbolismo
diminui e começam a aparecer com mais freqüência desenhos, trabalhos manuais,
construções com materiais didáticos, representações teatrais. Jogos de regras
começam a se manifestar por volta dos 5 anos, desenvolver-se principalmente aos
7 e 12 anos.
É um jogo
que continua durante toda a vida do indivíduo (esportes, trabalhos, jogos de
xadrez, baralho, etc). Assim, o jogo de regras são classificados em jogos
sensórios motores (futebol), e intelectuais, (xadrez). Neste jogo regras a
existência de leis impostas pelo grupo, e seu descumprimento é normalmente
penalizado e existe assim uma forte competição entre os indivíduos. Logo, a
criança abandona a fase egocêntrica possibilitando desenvolver os
relacionamentos afetivo-sociais.
Para
Vygotsky (1999) existe uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem,
atribuindo-lhe uma grande importância. Para que possamos compreender esta
importância é necessário recordar algumas idéias de sua teoria do
desenvolvimento cognitivo. Logo, a interação da criança e as pessoas com que
mantêm contatos.
Na teoria
de Vygotsky o conceito principal é o da zona de desenvolvimento atual e o nível
que atinge quando resolve problemas com o auxílio, o que terá a conseqüência de
que as crianças podem fazer mais do que conseguiram fazer por si sós.
Ainda
assim, Vygotsky o caráter de espontaneidade do jogo que o torna uma atividade
importante para o desenvolvimento da criança, o exercício no plano de
imaginação da capacidade de planejar, imaginar situações diversas, representar
situações diversas do cotidiano, como o de caráter social das situações
lúdicas, e os seus conteúdos e as regras específicas de cada situação.
Desse modo
não é todo o jogo da criança que possibilita a criança de uma zona proximal, do
mesmo modo que nem todo o ensino consegue. Logo, é no jogo simbólico, que as
condições de situação imaginária atuam e a sujeição a certas regras de conduta.
Marluce Muniz