quinta-feira, 30 de maio de 2013


Jogo simbólico.

 

         Do ponto de vista histórico, a análise do jogo é feita a partir da imagem da criança presente no cotidiano de uma determinada época. O lugar que a criança ocupa no contexto social específico, a educação a que está submetida e o conjunto de relações sociais que mantêm com personagens do seu mundo, tudo isto permite compreender melhor o cotidiano infantil – é nesse cotidiano que se forma a imagem da criança e de seu brincar.

         Portanto, todo ser humano tem seu cotidiano marcado pela heterogeneidade e pela presença de valores hierárquicos que dão sentido as imagens culturais de cada época construídas por personagens que fazem parte desse contexto, tais imagens não decorrem de concepções psicológicas de natureza científica, mas muito mais de informações, valores e conceitos oriundos da vida cotidiana.

         Segundo Heller (1989, p. 16-17): o homem participa  da vida cotidiana com todos os aspectos de personalidade. Nele, colocam-se em funcionamento todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades, manipulativas, seus sentimentos, paixões, ideais, ideologias. Por seu caráter heterogêneo, a vida cotidiana não apresenta uma lógica, um planejamento racional.

         São essas características que permitem a construção de diferentes tipos de imagens da criança, conforme o contexto social a que o ser humano está submetido.

         Dentro desta perspectiva o jogo simbólico é a representação corporal e imaginário onde predomina a fantasia, a atividade psico-motora exercida acaba por prender a criança a realidade. Logo, na sua imaginação ela usa o faz-de-conta, mas quando expressa corporalmente as atividades, ela precisa respeitando a realidade concreta e as relações do mundo real.

         Para Jean Chateau (1960) na criança o jogo é antes de tudo prazer. É também uma atividade sua em que o fingir, as estruturas ilusórias, o geometrismo infantil, a exaltação, tem uma importância considerável.

         Segundo Decroly (1914) “valorizou na sua pedagogia, a atividade lúdica, transformando os jogos sensoriais e motores em jogos cognitivos, ou de iniciação as atividades intelectuais propriamente ditas”. Então, a idéia principal e o desenvolvimento as relações nas necessidades das crianças.

         Logo, neste contexto as características dos jogos simbólicos são: assimilação da realidade ao “eu”, lógica própria com a realidade, ausência de objetivo explícito ou consciente para a criança, desenvolvimento da imaginação e da fantasia, liberdade de regras.

         Portanto, os jogos podem ser classificados por diferentes formas vários autores estudaram o jogo, entretanto Piaget classificou os jogos em três grandes categorias que correspondem às três fases dos desenvolvimentos infantis.

         Fase sensório motora (do nascimento até os 2 anos): a criança brinca sozinha, sem utilização da noção de regras.

         Fase pré-operatória (dos 2 aos 5/6 anos): as crianças adquirem a noção de regras e começam o jogo de faz-de-conta.

         Fase das operações concretas (dos 7 aos 11 anos): as crianças aprendem as regras dos jogos e jogam em grupo.

         Entretanto, Piaget classificou os jogos através da estrutura mental da criança. Jogo de exercício sensório-motor. Este jogo inicia com uma atividade lúdica surge como uma série de exercícios motores simples. Tem a finalidade o próprio prazer do funcionamento.

         Estes exercícios consistem em repetição de gestos e movimentos simples como agitar os braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar, pular, correr. Estes jogos começam na fase maternal e duram predominante até os 2 anos, eles se mantêm durantes toda a infância até a fase adulta; como andar de carro, moto ou bicicleta. Logo, os jogos simbólicos aparecem entre os 2 anos. A função dele é a atividade lúdica. A criança a reproduz nesses jogos as relações predominantes no seu meio ambiente e assimilam dessa maneira a realidade e também de se auto-expressar. Assim, esses jogos de faz-de-conta facilitam à criança a realização de sonhos e fantasias, neste processo elas revelam conflitos, medos e angústias, aliviando tensões e frustrações. Na idade de 7 a 11-12 anos o simbolismo diminui e começam a aparecer com mais freqüência desenhos, trabalhos manuais, construções com materiais didáticos, representações teatrais. Jogos de regras começam a se manifestar por volta dos 5 anos, desenvolver-se principalmente aos 7 e 12 anos.

         É um jogo que continua durante toda a vida do indivíduo (esportes, trabalhos, jogos de xadrez, baralho, etc). Assim, o jogo de regras são classificados em jogos sensórios motores (futebol), e intelectuais, (xadrez). Neste jogo regras a existência de leis impostas pelo grupo, e seu descumprimento é normalmente penalizado e existe assim uma forte competição entre os indivíduos. Logo, a criança abandona a fase egocêntrica possibilitando desenvolver os relacionamentos afetivo-sociais.

         Para Vygotsky (1999) existe uma relação estreita entre o jogo e a aprendizagem, atribuindo-lhe uma grande importância. Para que possamos compreender esta importância é necessário recordar algumas idéias de sua teoria do desenvolvimento cognitivo. Logo, a interação da criança e as pessoas com que mantêm contatos.

         Na teoria de Vygotsky o conceito principal é o da zona de desenvolvimento atual e o nível que atinge quando resolve problemas com o auxílio, o que terá a conseqüência de que as crianças podem fazer mais do que conseguiram fazer por si sós.

         Ainda assim, Vygotsky o caráter de espontaneidade do jogo que o torna uma atividade importante para o desenvolvimento da criança, o exercício no plano de imaginação da capacidade de planejar, imaginar situações diversas, representar situações diversas do cotidiano, como o de caráter social das situações lúdicas, e os seus conteúdos e as regras específicas de cada situação.

         Desse modo não é todo o jogo da criança que possibilita a criança de uma zona proximal, do mesmo modo que nem todo o ensino consegue. Logo, é no jogo simbólico, que as condições de situação imaginária atuam e a sujeição a certas regras de conduta.

                                                                             Marluce Muniz

 

 

 

 

 
Modernidade e Pós Modernidade

 
 
 
BAUMAN:
 

Segundo Bauman dentre varias definicões para epoca atual, utiliza o termo modernidade liquida para caracterizar a fluidez da realidade em contraposição a solidez do período anterior. Esta fluidez não é apenas econômica ( que transfere em questões de segundo grandes volumes de capital de um canto do mundo para outro) ou de uma empresa que se instala em um país  e dele migra  tão rápido quanto entrou , ou politico (mudanças continuas de esquerda e de direita).
O préfacio de modernidade líquida segundo Bauman (2000) dedica-se a exiplicar as diferenças fisicas associativas entre o sólido e liquido ,segundo o texto da  Enciclopédia Britânica. faz isso a fim de estabelecer uma métafora para as atribuições que a modernidade liquida se instalou na humanidade .
Bauman traz uma abordagem sobre a entrevista em 03 de fevereiro de 1999, em Ulrich. Ele denominou esse momento de "segunda modernidade considerando nessa fase a modernidade. 
A modernidade liquida , ou a modernidade que é chamada também de pós- modernidade e o objeto metaforo , aquilo que como um liquido , adapta-se  a qualquer forma ou situação sólida, se modifica no tempo,de modo que não fixa espaços.
 Em certo sentido, os sólidos suprimem o tempo pois são estáticos e inderformaveis para os fluídos, ao contrário, o tempo é o que importa.A questão primordial desse contraste é que a leveza do liquido e o ato  mesmo da liquefação tornam quase irrelevante o papel do espaço .Concentram-se, em lugar disso transposição do tempo , e principalmente na relativação do espaço em função do tempo.
 
Segundo Bauman abre uma concessão ao estranhamento que pode causar associação entre a liquidez  a modernidade, já que essa foi a primeiramente estabelecida sobre um discurso de assentamento de estruturas duradouras .Mas a modernidade não foi um processo de liquefação desde o começo, não foi o derretimento , dos sólidos seu maior passatempo é a realização.
Isto é, a própria nasceu da intenção de fazer esmorecer um sistema extremamente estanque , que pouca liberdade garantia ao individuo , e fez isso em na intenção de construir um modelo que fosse ele mesmo liquido ,ou adaptavel ás necessidades desse individuo.
 Desse jeito o apelo a adaptação e da tentativa de estabelecer instituições mais atenta as liberdades individuais é que nasce a modernidade liquida. Há entrentanto, um contracenso no projeto (que é parte essencial dessa liquidez) essas novas instituições não consistem no mero desfalecimento de tudo o que era sólido , mas de uma abertura á elaboração de novos sólidos aperfeiçoados e teoricamente perfeito.

 
Bauman  relata que a humanidade foi fluida desde o seu início e durante todo o seu período de existência foi um “processo de licuefación”, inclusive, diz que derreter dos sólidos foi  sempre seu principal passatempo.

Ainda segundo Bauman  afirma que os tempos modernos encontraram os sólidos premodernos em um estado bastante avançado de desintegração e um dos motivos mais poderosos que estimularam a sua dissolução foi o desejo de descobrir ou inventar sólidos, cuja solidez fora, pelo menos, por uma vez, mais duradoura, em que se pudesse confiar e, de lá, quando fosse o caso, voltar ao mundo predizível ou controlável.

 Bauman, diz que  os sólidos tinham que ser dissolvidos, a começar pelas lealdades tradicionais, os direitos e obrigações estabelecidos, que atavam mãos e pés, obstaculizavam os movimentos e inibiam as iniciativas.  Porque, para encarar  a tarefa de construir uma nova ordem, verdadeiramente sólida, era necessário desfazer-se do lastro que a velha ordem impunha aos construtores.
 

Para Weber, esta  fase de dissolução da etapa sólida da era moderna deixou o campo livre para a invasão do domínio da “racionalidade instrumental”,  ou do “rol determinante da economia”.

Logo essa dissolução dessencadeou a uma progressiva emancipação da economia de suas tradicionais  políticas, éticas e culturais. Assim  construiu  uma nova ordem, criando  em primeiro lugar os  termos econômicos.
Bauman(2005,p.60) afirma que para garantir maioria dos habitantes do liquido do mundo moderno, atitudes como cuidar da coesão , apegar-se as regras, agir de acordo com precedentes e manter-se fiel a lógica da continuidade em vez de flutuar na onda das oportunidades mutáveis e de curta duração não constituem opçôes promissoras.

 

GIDDENS:
 
Para Giddens a questão da modernidade , seu desenvolvimento passado e formas institucionais presentes reaparece como um problema sociológico e o surgimento das instuiçôes modernas foram reconhecidas há muito tempo.Porém, hoje vemos não só que essas coneçôes são mais complexas e probematicas do que pensavamos , mas que um repensar da natureza da modernidade deve caminhar junto com a reformulção de premissas básicas da análise sociologica.As instituiçôes modernas diferem de todas as formas anteriores de ordem social quanto ao seu dinamismo do grau em que interferem com habitos e costumes tradicionais e seu impacto global.
No entanto, essas não são apenas transformacôes em extenso:a modernidade altera radicalmente a natureza da vida social cotidiana e afeta os aspectos mais pessoais de nossa existênca.
 
A modernidade deve ser entendida num nível superior institucionais , mas as tramnsformâçôes introduzidas pelas instituiçôes modernas se entrelaçam de maneira direta com a vida do individuo, e portanto com o eu.Umas das caracteristicas distintas da modernidade , de fato é a crescente interconexão entre os dois extremos da extensão e da intencionalidade :influências globalizantes.Então a sociologia e as ciências sociais em termos mais amplos são elementos inerentes a reflexidade institucional da modernidade.A  modernidade é uma ordem pós-tradicional ,mas não uma ordem em que as certezas da tradição e do hábito tenham sido substituidas pela certeza do conhecimento racional

Giddens afirma que a modernidade se refere as modos de vida de uma organização social que surgiu na Europa desde do XVII .

Portanto, o final do século XX surgiu o início de uma nova era que transcende a modernidade e responsabiliza as ciências sociais pelo seu anúncio. Assim essa nova era é vista por alguns como um novo tipo de sistema social e recebe, inclusive, vários nomes, como a sociedade de informação ou  sociedade de consumo. Também surgiu outros preferem utilizar termos que indiquem o final da era da modernidade e chamam de posmodernidade ou poscapitalismo, ou ainda sociedade industrial.
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Ainda para Giddens  surge a  mudança de era,  que dão destaque para as transformações institucionais, principalmente, quando afirmam que há um movimento de um sistema fundamentado na fabricação de bens de consumo para outro que se concentra na informação. Portanto , é mais provável que essas situações se concentrem   em questões filosóficas e epistemológicas.
Para  Jean-Francois Lyotard afirma que a posmodernidade faz referência tanto ao deslocamento da fundamentação da epistemologia quanto ao deslocamento da fé, no progresso humanamente concebido,

Assim,a  visão posmoderna contempla uma pluralidade de heterogêneas pretensões do conhecimento, entre as quais a ciência não possui um lugar adequado.Ainda aborda o autor que a pos-modernidade refere a um deslocamento das tentativas de fundamentar a epistemologia e da fé no progresso planejado humanamente.A condição pós-modernidade é caracterizada por uma evaporação "grand narrative."O enredo dominante por meio do qual somos inseridos na história como seres tendo um passado definitivo e um futuro predizível.A perspectiva pós-moderna vê uma pluralidade de reivindicação heterogênea de conhecimento, na qual a ciência não tem um lugar privilegiado

Para, Habermas, a resposta padrão ao tipo de ideias apresentadas por Lyotard é a de procurar demonstrar que é possível uma epistemologia coerente e que se pode chegar a um conhecimento agradável  da vida social e dos modelos de desenvolvimento social.

Giddens relata  diferente. Afirma  que, essa situação relativa à impossibilidade de se obter um conhecimento sistemático da organização social, “resulta em primeiro lugar de la sensação  que muitos de nós  temos de fazer e se adequar em um universo de conhecimentos.. Para explicar como se chegou a essa situação, não basta inventar termos como pós-modernidade mas deve-se dar uma mirada sobre a natureza da própria modernidade que, por certas razões, até agora tem sido mal compreendida pelas ciências sociais. Entretanto, ao  entramos em um período de pós-modernidade, estamos trasladando a um período em que as consequências da modernidade estão se radicalizando e universalizando.

Giddens diz  que, mais adiante da modernidade, será possível perceber contornos de uma ordem diferente que é pós-moderno. Mas isso é muito diferente do que, nesse momento, alguns querem chamar de pós-modernidade.

 

Portanto nessa  discussão, percebemos  uma visão comum de Bauman e Giddens, uma vez que os dois autores dizem que ainda não é chegada a pós-modernidade.

 Giddens relata  que futuramente se poderá conhecer uma ordem diferente que será a pós-modernidade, Bauman defende o conceito que Ulrich apresentou numa entrevista, quando chamou esse momento de uma “segunda  modernidade.
 Giddens defende que não  consegue entender e perceber  todo o universo de conhecimentos e Bauman, nesse mesmo contexto , pergunta se a mente humana pode dominar, isto é, conhecer realmente tudo isto que ela tem criado neste   universo. Na visão de Bauman podemos perceber certa conexão entre a individualização quantitativa e individualização na modernidade sólida ;entre a individualização qualitativa e a modernidade liquida.Na modernidade liquida o individuo se torna único ou assume o dever de ser único. 

 

BIBLIOGRAFIA:

 

GIDDENS, Anthony. Consecuencias de la Modernidad. Ciencias Sociales. Alianza Editorial. Madrid. Espanha.1993.

 

BAUMAN, Zygmunt. Modernidad Liquida. Fonte  de Cultura Económica de Argentina, S.A. Buenos Aires. Argentina. 2000.                                   
                                                                      
                                                                                                                                                        
                                                                                                          Marluce Muniz

 

       



         
As mudanças do mundo do trabalho e as novas demandas do mercado.
 
 As constantes  transformações que têm ocorrido no mundo do trabalho trazem novos desafios para a educação e outros campo  de trabalho. Nesse contexto, o  capitalismo vive um novo padrão de acumulação gerada  da globalização e  da economia e da criação produtiva, que passa a sinalizar  um novo projeto educativo para os trabalhadores, independente da área, ou  das suas funções  e independente do seu nível hierárquico  que estão trabalhando. Desse modo, como resposta às novas exigências de competitividade que marcam o mercado globalizado a exigir cada vez mais qualidade com menor custo, a base técnica de produção , que dominou o ciclo de crescimento das economias capitalistas após a  2ª  guerra até o final dos anos sessenta, que vai sendo substituída por um processo de trabalho resultante de novos  paradigma tecnológico e sendo apoiado  pelas  microeletrônica, cuja característica principal é a flexibilidade. Portanto, este movimento,  não seja novo, logo  se constitui na intensificação do processo histórico de internacionalização da economia, que reveste  de novas características, adequando-se  nas transformações tecnológicas, na descoberta de novos materiais e nas novas formas de organização e gestão do trabalho.
Então surgem novas relações entre trabalho, ciência e cultura, a partir das quais constitui-se historicamente um novo princípio educativo, ou seja, um novo projeto pedagógico através do qual a sociedade pretende formar os intelectuais, trabalhadores, os cidadãos e produtores para atender às novas demandas postas pela globalização da economia e pela  produção. Assim, o processo produtivo, por sua vez, tinha como paradigma a organização em unidades fabris que concentram grande número de trabalhadores distribuídos em uma estrutura verticalizada que se desdobra em vários níveis operacionais, intermediários de supervisão e de planejamento e gestão, cuja finalidade é a produção em massa de produtos homogêneos para atender a demandas pouco diversificadas. A organização da produção em linha expressa o princípio de divisão do processo produtivo em pequenas partes onde os tempos e movimentos são padronizados e rigorosamente controlados por inspetores de qualidade e as ações de planejamento são separadas da produção. Era preciso, portanto, qualificar trabalhadores que atendessem as demandas de uma sociedade cujo modo dominante de produção, a partir de uma rigorosa divisão entre as tarefas intelectuais dirigentes e as operacionais, caracterizava-se por tecnologia de base rígida, relativamente estável. Desse jeito, a ciência e a tecnologia incorporadas ao processo produtivo, através de máquinas eletromecânicas que trazem em sua configuração um número restrito de possibilidades de operações diferenciadas que exigem apenas a troca de uns poucos componentes, demandavam comportamentos operacionais pré-determinados e com pouca variação.  Nesse processo, compreender os movimentos necessários a cada operação, repeti-los e memorizá-los  ao longo do tempo, não exige outra formação escolar e profissional que o desenvolvimento da capacidade de memorizar conhecimentos e repetir procedimentos em uma determinada   forma de seqüência.
 Entretanto, a  globalização da economia e a reestruturação produtiva, enquanto macro estratégias responsáveis pelo novo padrão de acumulação capitalista, transformam radicalmente esta situação, imprimindo vertiginosa dinamicidade às mudanças que ocorrem no processo produtivo, a partir da crescente incorporação de ciência e tecnologia, em busca de competitividade. Logo, a  descoberta de novos princípios científicos cria condição para  a criação de novos materiais e equipamentos então  os processos de trabalho de base rígida vão sendo substituídos pelos de base flexível e a eletromecânica, com suas alternativas de solução bem definidas, vai cedendo lugar à microeletrônica, que assegura amplo espectro de soluções possíveis desde que a ciência e a tecnologia, antes incorporadas aos equipamentos, passem a ser domínio dos trabalhadores assim  os sistemas de comunicação interligam o mundo da produção. Surge  então, as novas demandas de qualificação, portanto, referem-se a um trabalhador de novo tipo, que atue na prática a partir de uma sólida base de conhecimentos científico-tecnológicos e socio-históricos, e ao mesmo tempo acompanhe a dinamicidade dos processos e resista ao stress.  Por isso,ao mesmo tempo, as novas tecnologias cobram cada vez mais a capacidade de comunicar-se adequadamente, através do domínio das maneiras  tradicionais e novas  linguagem, incorporando, além da língua portuguesa, a língua estrangeira, a linguagem informática e as novas formas trazidas pela semiótica, a autonomia intelectual, para resolver problemas práticos utilizando os conhecimentos científicos, buscando aperfeiçoar-se continuamente a autonomia moral, através da capacidade de enfrentar as novas situações que exigem posicionamento ético finalmente, a capacidade de comprometer-se com o trabalho, entendido em sua forma mais ampla de construção do individuo dentro  e da sociedade, através da responsabilidade, da crítica, da criatividade.
Então, no âmbito do processo produtivo como um todo a tendência seja a precarização do trabalho, do ponto de vista da concepção de qualificação para o trabalho, há avanços.   Assim , fundamentada sobre a educação básica, a qualificação não repousa mais sobre a aquisição de modos de fazer, deixando de ser concebida, como a racionalização do trabalho  e sendo  como conjunto de atributos individuais, predominantemente psicofísicos, centrados nos modos de fazer típicos do posto de trabalho. Ao contrário, passa a ter reconhecida a sua dimensão social e ser concebida como resultante da articulação de diferentes elementos, através da mediação das relações que ocorrem no trabalho coletivo, resultando de vários determinantes subjetivos e objetivos, como a natureza das relações sociais vividas e suas articulações, escolaridade, acesso a informações, domínio do método científico, riqueza, duração e profundidade das experiências vivenciadas, tanto laborais quanto sociais.
 Desta forma, a qualificação depende das possibilidades de acesso a informações, de interagir com meios e processos de trabalho mais avançados, de exercer sua autonomia e criatividade, de participar da definição das normas e das decisões que afetam suas atividades.Entretanto, embora seja resultante das condições objetivas de vida e de trabalho, e portanto resultante da práxis coletiva, a qualificação tem uma forte determinação das condições subjetivas, que incluem desejos, motivações, experiências e conhecimentos anteriores, o que faz com que muitos autores considerem inevitável investir na valorização da subjetividade dos trabalhadores nos processos de inovação.
Nesse contexto,  afirmar-se  que a qualificação profissional resulta de articulações dinâmicas e contraditórias entre as relações sociais das quais resultam o trabalho coletivo e as possibilidades e limitações do trabalho individual, mediado pelas relações de classe, do que resultam articulações entre conhecimentos e experiências que envolvem as dimensões psicofísica, cognitiva e comportamental, as quais permitirão ao cidadão/produtor trabalhar intelectualmente e pensar praticamente, dominando o método científico, de modo a ser capaz de resolver problemas da prática social e produtiva. Para desenvolvê-la é preciso outro tipo de pedagogia, determinada pelas transformações ocorridas no mundo do trabalho nesta etapa de desenvolvimento das forças produtivas, de modo a atender às demandas da revolução na base técnica de produção, com seus profundos impactos sobre a vida social. O objetivo a ser atingido é a capacidade para lidar com a incerteza, substituindo a rigidez pela flexibilidade e rapidez, de modo a atender a demandas dinâmicas, sociais e individuais, políticas, culturais e produtivas que se diversificam em qualidade e quantidade.
A partir desta concepção, esta bem diferenciada a finalidade da qualificação no mercado de trabalho  e esta  apresentada pelos processos produtivos reestruturados considerando a dupla mediação realizada pelas novas tecnologias de base microeletrônica e pelas novas estratégias de gestão e da capacidade bem definida para atuar de forma estável em processos tecnológicos pouco complexos no posto de trabalho para a qualificação entendida como capacidade potencial para atuar em situações não previstas, em processos dinâmicos com base tecnologicamente sempre mais complexa e a partir do conhecimento da totalidade do processo de trabalho, incluindo sua relação com os processos sociais e econômicos mais amplos. Surge uma  nova dimensão que tem justificado a contraposição do conceito de qualificação, que vem sendo desenvolvido no campo da esquerda, ao conceito de competência, desenvolvido pelo capitalismo nesta nova etapa de acumulação, como forma de demarcar a superação por incorporação em patamares qualitativamente superiores. Logo , estas concepções se aproximam quando defendem um projeto pedagógico que, ao articular conhecimento geral e específico, teoria e prática, sujeito e objeto, parte e totalidade, dimensão disciplinar e transdisciplinar, permita ao aprendiz resolver problemas não previstos usando, de forma articulada, conhecimentos científicos, saberes tácitos, experiências e informações. O que diferencia, estruturalmente, estas duas concepções, é o campo onde se situam, o que determinará a sua finalidade e a exploração dos trabalhadores para acumular o capital ou a emancipação humana através de uma nova forma de organização da produção dentro do mundo atual.
                                                                                                           Fonte desconhecida
                                                                                                 Marluce Muniz         




                                                                            
 
 
 
 
 

 


              O professor e o mundo contemporâneo.

 

O mundo contemporâneo sofre transformações  sociais, politicas econômicas e culturais.  Assim ,vivemos em um momento histórico fortemente   marcado pela  internacionalização da globalização e da tecnologia. Portanto, ocorre um processo de universalização da cultura, dos produtos, das trocas,  do capital e  dos custos.
O mundo então   sofre um processo de internacionalização    que  está administrado pela direção econômica. Logo a educação não está imune a este processo.  Dessa  forma as  reformas curriculares ocorreram em todos os países marcados pela valorização da formação estudantil com implementação de um espírito de ação e liderança, da capacitação para o trabalho em grupo, e do uso das novas tecnologias. Esse  momento se caracteriza por um imenso aumento da capacidade de se obter informação. Alguns objetos são produzidos pela informação com a finalidade de comercialização. Sendo assim, as culturas do consumo e da propaganda são fortificadas e tudo gira em função do comprar e do vender, de modo que a propaganda se dirige para o consumidor que deve ser aliciado emocionalmente. Logo o capital, ao dominar as redes, acaba por dominar as emoções, os sentimentos, os hábitos e seduz fortemente os desejos das pessoas. Assim  as redes sociais  transforma o cidadão em consumidor, no mundo da  globalização  .

Contudo os educadores não devem identificar o termo informação com conhecimento, pois, embora fiquem  juntos, porém não tem o mesmo significado.   Entretanto, informações são fatos, expressão, opinião, que chegam às pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que causam . Porém, conhecimento é a compreensão da procedência da informação, da sua estrutura e dinâmica própria, e das conseqüências que dela ocorre, exigindo para isso um certo grau de racionalidade.  Então, a apropriação do conhecimento, é feita através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura crítica da informação, processo necessário para absorção da liberdade e autonomia mental do educador.

No mundo atual, exige-se do novo aluno um certo desenvolvimento de capacidades intelectuais,  de rapidez de raciocínio, de abstração, e de visão crítica mais ampla que valorize mais do que a racionalidade baseada apenas na informação. Com isso, o conhecimento não pode se reduzir apenas ao saber , aprender, fazer,  a usar, aprender a comunicar,  conhecer   e  com capacidade de adaptação às mudanças e  técnicas continuadas do processo produtivo, do mercado e da sociedade, imposto pela globalização neoliberal. Neste contexto, a  inclusão da educação desenvolve as condições de realização da cidadania porque absorvem conhecimentos, habilidades, técnicas, novas formas de solidariedade social,  porque cria e associa tarefas pedagógicas e ações sociais pela democratização da sociedade. Percebe-se que a educação é um caminho de acesso ao conhecimento significativo, que se caracteriza por propiciar um saber que liberta. A assimilação do conhecimento, das opiniões, pode permitir uma elevada capacidade de letramento, que nada mais é do que a leitura crítica da informação, que é um dos caminhos para a liberdade mental e política. Nesse processo o professor é o mediador dessa interação do aluno com o conhecimento, visto que ele deve proporcionar ao aluno o mundo da informação, da técnica, da tradição e da linguagem, para que o mesmo possa construir seu pensamento, suas aptidões e suas atitudes, possibilitando aprendizagens significativas.  Nesse sentido, o papel do professor deve ser o de ajudar o aluno a desenvolver sua aptidão do pensar, através da técnica do diálogo, estimular a capacidade cognitiva do aluno através do saber aprender, saber fazer, saber agir , saber conviver e se conhecer. O educando deve aprender a ser sujeito do próprio conhecimento que aprende a aprender, a buscar informação, como sujeitos pensantes de maneira prática e analítica.

 No entanto, o professor deve aprender a gostar dos alunos, transformando a sua aula mais agradável, motivadora e prazerosa. Se faz necessário estimular a solidariedade mediante os valores democráticos e éticos. Isso significa ouvir o outro; respeitar as diferenças, aperfeiçoar as técnicas de comunicação, indicar formas mais competentes do conhecimento expressivo. Deve assumir uma atitude interdisciplinar passando do conhecimento interligado para o particularizado e deste para o integrado, distinguir e respeitar a diversidade em cada indivíduo e priorizar a igualdade dos direitos dos cidadãos em uma sociedade capitalista que é por excelência desigual e excludente. O saber conviver com as diferenças é saber conviver com pessoas possuidoras de crenças, compreensão de vida e interesses diferentes. A Educação cultivando valores de solidariedade, está ao lado dos excluídos e combate os efeitos do capitalismo . A luta contra a exclusão social também passa necessariamente pelo trabalho do professor.

Os novos tempos exigem um padrão educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. Grandes desafios se descortinam a nossa frente. O maior deles diz respeito à descoberta de construções que permitam desenvolver nos estudantes, a confiança nas suas capacidades de criar, de construir e reconstruir a fim de que o aluno se plenifique a partir de competências e habilidades e, não mais, somente, através de conhecimentos.

                                                                                                                Marluce Muniz
                                                                                                                 Miguel Santana

Educação de valores na escola

Ao estudar a história da educação em um contexto maior, tanto no Brasil quanto em outras localidades, grupos sociais e outras civilizações ao redor do mundo. Percebe-se que a educação iniciou-se de maneira informal, pessoas mais experientes, estudiosos e intelectuais, os pais e alguns séculos depois a igreja e os sacerdotes assumiam o papel do ensino, eram responsáveis pela educação das crianças, adolescentes e jovens.
A educação dava-se por reprodução e assimilação por parte dos educandos. Aprendiam seus costumes, crenças, valores, conhecimento da escrita, leitura, matemática e religião, que lhes eram transmitidos até então em suas próprias casas, em palácios, castelos e mosteiros.
Com o surgimento das instituições de ensino, as escolas passaram a assumir a total responsabilidade no sentido de educar e formar cidadãos para a sociedade. [...] a escola precisa assumir seu papel social e individual na formação de seus alunos e de seus docentes: é uma ação social. (BARTOLOMÉ, 2005, p. 01)
A escola passou a ser escolhida pelas famílias como o órgão máximo para que seus filhos pudessem adquirir os conhecimentos científicos e filosóficos, com o objetivo maior de despertarem para uma profissão e se tornarem pessoas sucedidas.
No início o que se esperava da escola era a transmissão de conhecimentos e o repasse de valores e ideologias do estado e da sociedade atual. Deveriam educar seus alunos para terem acesso às tecnologias e ao desenvolvimento urgente e acelerado do mundo globalizado. Como para Pilleti (2001, p. 10).onde a educação existe na escola e fora dela.

As duas formas de educação coexistem na escola e fora dela. E para que a própria educação escolar se torne mais eficaz, é necessário que professores e alunos tomem consciência do grande alcance dos processos informais da educação, que são permanentes na escola, e que os levem em consideração ao desenvolverem suas atividades, buscando a coerência entre o dizer e o fazer, entre o pensar e o agir, entre o sentir e falar.

Mas afinal o que é a escola e para que ela serve? O que devemos ensinar nela? Que papel ela desempenha na sociedade e na vida de seus alunos?
A escola é como um espaço de construção e reflexão de experiências importantes para a vida social do homem que contribuirão para o desenvolvimento de um indivíduo, nos aspectos afetivos, sociais, filosóficos e científicos visando à preparação do mesmo para a construção de sua cidadania.
Augusto Cury (2003, p.155) já acredita que a escola deve educar seus filhos para a vida, extraindo da fraqueza a força, do desespero a esperança, das lágrimas o sorriso e dos fracassos a sabedoria.

A escola dos meus sonhos une a serenidade de um executivo a alegria de um palhaço, a força da lógica a singeleza do amor. Na escola dos meus sonhos cada criança é uma jóia única no teatro da existência, mais importante que todo o dinheiro do mundo.

A escola é uma instituição especialista em criar elos entre as gerações, os conhecimentos passados por ela, são originários de estudos anteriores, ou seja, as gerações produzem conhecimento que vão sendo repassados e aprimorados de geração em geração, tendo como meio de comunicação científica entre estas gerações as instituições de ensino assim como as escolas e as universidades. É um local aonde as crianças chegam com o objetivo de aprimorarem os seus conhecimentos e terem acesso a outros, como ler, escrever, fazer contas e experimentar as ciências físicas, químicas, biológicas e filosóficas, ajudando os alunos a despertarem em si mesmos, um interesse pela busca de novos conhecimentos, incentivando-os a continuarem a busca por novas ciências e novas descobertas, mesmo após terem cumprido os níveis de ensino básico almejando alcançarem as universidades e as especializações nas áreas em que eles obtiverem o desenvolvimento de suas aptidões e as que mais lhe chamarem atenção. Segundo Aurélio (2001, p. 281) a escola é um estabelecimento que pode ser público ou privado, local originalmente pensado para a ministração de um ensino coletivo.
Mas para que isso aconteça a escola deve preocupar-se em transmitir o conhecimento de forma atraente, objetivando a conquista do interesse pleno de seus alunos pelos conteúdos ministrados. É necessário humanizar aquilo que se ensina nas escolas, ou seja, dar vida ao conhecimento transmitido. Fazer com que os alunos estabeleçam a relação daquilo que aprendem com aquilo que necessitam para viver melhor e contribuir para com o desenvolvimento da sociedade.

A educação clássica comete outro grande erro. Ela se esforça para transmitir o conhecimento em sala de aula, mas raramente comenta sobre a vida do produtor do conhecimento. As informações sobre química, física, matemática, línguas deveriam ter um rosto, uma identidade. (CURY, 2003, p.135)

Para que a escola consiga humanizar os conteúdos que se propõe a ensinar, é necessário dar vida ao conhecimento, fazê-lo assumir um caráter prático e importante para o desenvolvimento do aluno e é este aluno que precisa perceber que o que ele aprende na escola lhe trará bons frutos.
A educação escolar não pode se restringir apenas a transmitir conhecimentos visando o aluno como mero receptor, mas deve se propor a exercer um ensino que busque a formação geral do homem, educando-o para a ciência e para a vida. Fazendo através da educação escolar e das relações interpessoais que ocorrem no seio das instituições, um perfeito laboratório para o ensino de valores como direitos e deveres, cidadania, ética, ética na política e na vida publica, autonomia, capacidade de convivência, diálogo, dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos, justiça, participação social, respeito mutuo, solidariedade, tolerância, entre outros.

O aluno é antes de tudo, um projeto de vida, nunca um mero receptor. E a escola precisa lhe oferecer uma metodologia educativa eficaz, que atenda cuidadosamente a atividade pessoal do aluno, deixando que ele estabeleça relações e deduza novos conhecimentos. (IZQUIERDO, 2001, p. 260)

Diante da necessidade tão urgente na recuperação desses valores citados no parágrafo anterior, a escola representa um papel determinante. Pois nela os alunos interagem uns com os outros, colocando a prova cada um, a educação que primeiramente receberam em casa e os juízos de valor que eles já possuem quando chegam à escola e ainda entram em contato com outros tantos valores que lhes serão ensinados no decorrer do ano e de sua vida escolar. Na convivência com outros indivíduos, na mesma faixa etária de idade, há uma troca de experiência e até mesmo alguns conflitos como: a necessidade da atenção dos professores, a disputa para saberem quem é o mais inteligente, as brigas por um brinquedo, mordidas na fase oral das crianças na educação infantil, a corrida pelo colo da tia, uma cola na hora da prova, brigas em sala ou no recreio, o primeiro beijo, a primeira decepção amorosa, a discriminação, o preconceito entre os alunos, dentre outras, várias relações que acontecem na escola. E passa-se a ter a certeza de que eles aprenderam e abstraíram o valor, quando se observa a mudança em seu comportamento.
Não se transmitem valores nem se formam juízos de valor com situações abstratas, esses comportamentos são ensinados e abstraídos diante de vivências e práticas que nos levem a ter experiências e crescimento com elas. A escola tem hoje o ideal de ensino-aprendizagem como troca de saberes, ninguém é detentor absoluto do conhecimento, as relações ensinam e ajudam a desenvolver a identidade, a pessoa que se quer ser, o equilíbrio emocional que se quer ter e a maneira como se comportarão na fase adulta. É um trabalho semelhante aos das formigas que labutam no verão e desfrutam no inverno daquilo que conseguiram armazenar, a única diferença é que na educação não espera-se o inverno chegar para desfrutar daquilo que se conquistou, pois as mudanças e os frutos da maturidade e do crescimento são, usufruídos a cada dia, a cada escolha, a cada nova experiência.

A educação não é, pois, um lugar de preparação para vida futura, mas é, em si mesma um lugar de vida que será preciso projetar a fim de que se manifestem as experiências que os alunos já têm e se possibilitem outras novas. (BELTRÁN, 2003, p. 54).

Todos estes fatores apontam ainda mais para a responsabilidade da escola na formação moral do indivíduo, pois ela faz parte de uma sociedade, que se encontra ligada aos conflitos e necessidades da mesma e por tanto deve ter como uma de suas metas, a criação de artifícios e metodologias que fomentem discussões e debates visando resultados de melhorias para a comunidade. Questões como violência, discriminação, meio ambiente, diferenças sociais. Nesse momento é que fica mais evidente a importância da educação de valores que deve ser desenvolvida na escola. [...] Uma educação racional que preserve no homem a faculdade de querer, de pensar, de idealizar, de esperar. (GUSSINYER, 2003, p. 39)
E se a escola deixa de cumprir seu papel de educadora em valores, os alunos estarão limitados apenas ao convívio familiar, com pessoas que estabelecem seus próprios valores e conceitos morais e permanecem ali fechados sem muito interesse em interagir com o outro e aprender com ele, à medida que estar em uma escola e ser educado por ela pode ser uma experiência rica, em se tratando de vivencias pessoais, mas pode estar também carregada de desvio de postura, atitude de comportamentos ou condutas. E mais: quando os valores não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos educandos, principalmente por aqueles que não os vivenciam como simples conceitos ideais ou abstratos sejam por simulações de práticas sociais ou vivenciadas no cotidiano. Existem “filhos” de famílias totalmente desestruturadas, destruídas por inúmeros fatores, que necessitam de referenciais, pois o jovem enfrenta hoje uma falta de referência. O mundo está direcionado a uma educação que precisa ser conseqüente, precisa constituir um cidadão que realmente contribua com liberdade e ação, autonomia de decisão, de forma crítica e consciente na sociedade em que vivemos. Para que ele assuma essa postura ele precisa ser ensinado ao exercício dela.

O ensino científico e racional dissolvera a massa popular para fazer de cada mulher e de cada homem um ser consciente, responsável e ativo, que determinara sua vontade por seu juízo, assessorado por seu próprio conhecimento. (GUSSINYER, 2003, p. 39)
 
Sendo a escola um lugar próprio para a aquisição e a produção de conhecimento


Educação de valores na escola

Ao estudar a história da educação em um contexto maior, tanto no Brasil quanto em outras localidades, grupos sociais e outras civilizações ao redor do mundo. Percebe-se que a educação iniciou-se de maneira informal, pessoas mais experientes, estudiosos e intelectuais, os pais e alguns séculos depois a igreja e os sacerdotes assumiam o papel do ensino, eram responsáveis pela educação das crianças, adolescentes e jovens.
A educação dava-se por reprodução e assimilação por parte dos educandos. Aprendiam seus costumes, crenças, valores, conhecimento da escrita, leitura, matemática e religião, que lhes eram transmitidos até então em suas próprias casas, em palácios, castelos e mosteiros.
Com o surgimento das instituições de ensino, as escolas passaram a assumir a total responsabilidade no sentido de educar e formar cidadãos para a sociedade. [...] a escola precisa assumir seu papel social e individual na formação de seus alunos e de seus docentes: é uma ação social. (BARTOLOMÉ, 2005, p. 01)
A escola passou a ser escolhida pelas famílias como o órgão máximo para que seus filhos pudessem adquirir os conhecimentos científicos e filosóficos, com o objetivo maior de despertarem para uma profissão e se tornarem pessoas sucedidas.
No início o que se esperava da escola era a transmissão de conhecimentos e o repasse de valores e ideologias do estado e da sociedade atual. Deveriam educar seus alunos para terem acesso às tecnologias e ao desenvolvimento urgente e acelerado do mundo globalizado. Como para Pilleti (2001, p. 10).onde a educação existe na escola e fora dela.

as duas formas de educação coexistem na escola e fora dela. E para que a própria educação escolar se torne mais eficaz, é necessário que professores e alunos tomem consciência do grande alcance dos processos informais da educação, que são permanentes na escola, e que os levem em consideração ao desenvolverem suas atividades, buscando a coerência entre o dizer e o fazer, entre o pensar e o agir, entre o sentir e falar.

Mas afinal o que é a escola e para que ela serve? O que devemos ensinar nela? Que papel ela desempenha na sociedade e na vida de seus alunos?
A escola é como um espaço de construção e reflexão de experiências importantes para a vida social do homem que contribuirão para o desenvolvimento de um indivíduo, nos aspectos afetivos, sociais, filosóficos e científicos visando à preparação do mesmo para a construção de sua cidadania.
Augusto Cury (2003, p.155) já acredita que a escola deve educar seus filhos para a vida, extraindo da fraqueza a força, do desespero a esperança, das lágrimas o sorriso e dos fracassos a sabedoria.

A escola dos meus sonhos une a serenidade de um executivo a alegria de um palhaço, a força da lógica a singeleza do amor. Na escola dos meus sonhos cada criança é uma jóia única no teatro da existência, mais importante que todo o dinheiro do mundo.

A escola é uma instituição especialista em criar elos entre as gerações, os conhecimentos passados por ela, são originários de estudos anteriores, ou seja, as gerações produzem conhecimento que vão sendo repassados e aprimorados de geração em geração, tendo como meio de comunicação científica entre estas gerações as instituições de ensino assim como as escolas e as universidades. É um local aonde as crianças chegam com o objetivo de aprimorarem os seus conhecimentos e terem acesso a outros, como ler, escrever, fazer contas e experimentar as ciências físicas, químicas, biológicas e filosóficas, ajudando os alunos a despertarem em si mesmos, um interesse pela busca de novos conhecimentos, incentivando-os a continuarem a busca por novas ciências e novas descobertas, mesmo após terem cumprido os níveis de ensino básico almejando alcançarem as universidades e as especializações nas áreas em que eles obtiverem o desenvolvimento de suas aptidões e as que mais lhe chamarem atenção. Segundo Aurélio (2001, p. 281) a escola é um estabelecimento que pode ser público ou privado, local originalmente pensado para a ministração de um ensino coletivo.
Mas para que isso aconteça a escola deve preocupar-se em transmitir o conhecimento de forma atraente, objetivando a conquista do interesse pleno de seus alunos pelos conteúdos ministrados. É necessário humanizar aquilo que se ensina nas escolas, ou seja, dar vida ao conhecimento transmitido. Fazer com que os alunos estabeleçam a relação daquilo que aprendem com aquilo que necessitam para viver melhor e contribuir para com o desenvolvimento da sociedade.

A educação clássica comete outro grande erro. Ela se esforça para transmitir o conhecimento em sala de aula, mas raramente comenta sobre a vida do produtor do conhecimento. As informações sobre química, física, matemática, línguas deveriam ter um rosto, uma identidade. (CURY, 2003, p.135)

Para que a escola consiga humanizar os conteúdos que se propõe a ensinar, é necessário dar vida ao conhecimento, fazê-lo assumir um caráter prático e importante para o desenvolvimento do aluno e é este aluno que precisa perceber que o que ele aprende na escola lhe trará bons frutos.
A educação escolar não pode se restringir apenas a transmitir conhecimentos visando o aluno como mero receptor, mas deve se propor a exercer um ensino que busque a formação geral do homem, educando-o para a ciência e para a vida. Fazendo através da educação escolar e das relações interpessoais que ocorrem no seio das instituições, um perfeito laboratório para o ensino de valores como direitos e deveres, cidadania, ética, ética na política e na vida publica, autonomia, capacidade de convivência, diálogo, dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos, justiça, participação social, respeito mutuo, solidariedade, tolerância, entre outros.

O aluno é antes de tudo, um projeto de vida, nunca um mero receptor. E a escola precisa lhe oferecer uma metodologia educativa eficaz, que atenda cuidadosamente a atividade pessoal do aluno, deixando que ele estabeleça relações e deduza novos conhecimentos. (IZQUIERDO, 2001, p. 260)

Diante da necessidade tão urgente na recuperação desses valores citados no parágrafo anterior, a escola representa um papel determinante. Pois nela os alunos interagem uns com os outros, colocando a prova cada um, a educação que primeiramente receberam em casa e os juízos de valor que eles já possuem quando chegam à escola e ainda entram em contato com outros tantos valores que lhes serão ensinados no decorrer do ano e de sua vida escolar. Na convivência com outros indivíduos, na mesma faixa etária de idade, há uma troca de experiência e até mesmo alguns conflitos como: a necessidade da atenção dos professores, a disputa para saberem quem é o mais inteligente, as brigas por um brinquedo, mordidas na fase oral das crianças na educação infantil, a corrida pelo colo da tia, uma cola na hora da prova, brigas em sala ou no recreio, o primeiro beijo, a primeira decepção amorosa, a discriminação, o preconceito entre os alunos, dentre outras, várias relações que acontecem na escola. E passa-se a ter a certeza de que eles aprenderam e abstraíram o valor, quando se observa a mudança em seu comportamento.
Não se transmitem valores nem se formam juízos de valor com situações abstratas, esses comportamentos são ensinados e abstraídos diante de vivências e práticas que nos levem a ter experiências e crescimento com elas. A escola tem hoje o ideal de ensino-aprendizagem como troca de saberes, ninguém é detentor absoluto do conhecimento, as relações ensinam e ajudam a desenvolver a identidade, a pessoa que se quer ser, o equilíbrio emocional que se quer ter e a maneira como se comportarão na fase adulta. É um trabalho semelhante aos das formigas que labutam no verão e desfrutam no inverno daquilo que conseguiram armazenar, a única diferença é que na educação não espera-se o inverno chegar para desfrutar daquilo que se conquistou, pois as mudanças e os frutos da maturidade e do crescimento são, usufruídos a cada dia, a cada escolha, a cada nova experiência.

A educação não é, pois, um lugar de preparação para vida futura, mas é, em si mesma um lugar de vida que será preciso projetar a fim de que se manifestem as experiências que os alunos já têm e se possibilitem outras novas. (BELTRÁN, 2003, p. 54).

Todos estes fatores apontam ainda mais para a responsabilidade da escola na formação moral do indivíduo, pois ela faz parte de uma sociedade, que se encontra ligada aos conflitos e necessidades da mesma e por tanto deve ter como uma de suas metas, a criação de artifícios e metodologias que fomentem discussões e debates visando resultados de melhorias para a comunidade. Questões como violência, discriminação, meio ambiente, diferenças sociais. Nesse momento é que fica mais evidente a importância da educação de valores que deve ser desenvolvida na escola. [...] Uma educação racional que preserve no homem a faculdade de querer, de pensar, de idealizar, de esperar. (GUSSINYER, 2003, p. 39)
E se a escola deixa de cumprir seu papel de educadora em valores, os alunos estarão limitados apenas ao convívio familiar, com pessoas que estabelecem seus próprios valores e conceitos morais e permanecem ali fechados sem muito interesse em interagir com o outro e aprender com ele, à medida que estar em uma escola e ser educado por ela pode ser uma experiência rica, em se tratando de vivencias pessoais, mas pode estar também carregada de desvio de postura, atitude de comportamentos ou condutas. E mais: quando os valores não são bem formais ou sistematicamente ensinados, podem ser encarados pelos educandos, principalmente por aqueles que não os vivenciam como simples conceitos ideais ou abstratos sejam por simulações de práticas sociais ou vivenciadas no cotidiano. Existem “filhos” de famílias totalmente desestruturadas, destruídas por inúmeros fatores, que necessitam de referenciais, pois o jovem enfrenta hoje uma falta de referência. O mundo está direcionado a uma educação que precisa ser conseqüente, precisa constituir um cidadão que realmente contribua com liberdade e ação, autonomia de decisão, de forma crítica e consciente na sociedade em que vivemos. Para que ele assuma essa postura ele precisa ser ensinado ao exercício dela.

O ensino científico e racional dissolvera a massa popular para fazer de cada mulher e de cada homem um ser consciente, responsável e ativo, que determinara sua vontade por seu juízo, assessorado por seu próprio conhecimento. (GUSSINYER, 2003, p. 39).
                                                                                               Fonte desconhecida
                                                                                                 Marluce Muniz
                                                                                                  Miguel Santana